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No confessionário

17/09/2011

— Bom dia, Padre, eu gostaria de me confessar.

— Estou ouvindo, minha filha.

— É que… É que não sei mais como se faz… Só me confessei na minha primeira comunhão, nem sei por onde começar. O senhor pode me ajudar?

— Me diga, você tem desonrado seus pais, desrespeita sua família? Lhe falta amor o próximo?

— Acho que não, não me lembro de ter feito nada específico quanto a isso…

— Você cometeu algum pecado grave?

— Talvez. Não sei bem o que seria considerado grave para os parâmetros da igreja, sabe? Fiz as coisas que as pessoas de minha idade já fizeram… Acho que nada além do básico de todo ser humano.

— Bom, então reze três ave-marias e três pai-nossos.

— Padre, mas eu já posso tomar a hóstia?

— Você se sente absolvida de seus pecados?

— Ai, meu Deus, será? Não estou segura… Não consigo me lembrar se cometi algum pecado grave que devesse ressaltar…

— Então, minha filha, sugiro que reflita sobre o que tem feito e volte na semana que vem.

 

E, desde então, tenho anotado todos os meu pecados: ignorei alguns mendigos, me comportei mal no trânsito, pronunciei pequenas mentiras, dissimulei minha vaidade, me deixei tomar pela gula, senti inveja, preguiça, adorei ídolos de gesso… Pronunciei o santo nome de Deus em vão.

E não mais voltei ao confessionário.

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